Saiba mais sobre o incentivo ao empreendedorismo na adolescência
Andei procurando formas de praticar o incentivo ao empreendedorismo na adolescência e resolvi contar um pouco do que tenho feito.
Minha história com o empreendedorismo
Sempre fui do tipo que “se vira” e “inventa moda”, como dizia a minha mãe.
Durante muito tempo, isto causou preocupação nos meus pais, que entendiam que a única forma de eu viver bem, era com carteira assinada.
Aos 19 anos, voltei de uma temporada no Espírito Santo com uma ideia na cabeça:
- comprar dentes de alho que as empresas que vendiam alho em cabeça descartavam
Falei com o meu pai e o investimento inicial seria de R$ 100,00 mas ele não acreditou na ideia.
Disse que não, mas eu não me dei por vencida.
Fui até o meu tio e falei com ele, que disse: “Se você vender 1kg em até uma semana, invisto os R$ 100 e viro teu sócio”.
Sai correndo pra ligar pra restaurantes e nas primeiras três horas eu já havia vendido 10kg.
Maravilha, né?
A não ser pelo fato de que eu prometi entregar no dia seguinte e nem sequer tinhamos comprado o alho, quanto mais descascado-o.
Enfim… A empresa cresceu, tanto que o meu tio comprou a minha parte e vive disso até hoje, e eu inventei outras mil formas de sobreviver até aqui.
A história da Gi com o empreendedorismo
Bom, desde novinha a Gi já fala sempre em formas de ganhar dinheiro.
Aos 6 anos, em Cananeia, ela inventou de vender geladinhos e, para ser diferente dos outros vendedores, fez máscaras de sulfite, pintou-as e dava-as como brinde.
Logo viemos embora e ela criou outras mil formas de ganhar dinheiro, mas eu sempre a segurava por medo de esbarrar no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
De uns dois anos para cá ela tem enchido o saco insistido muito em trabalhar.
Fez um curso no Programa Jovem Trabalhador e achava que poderia trabalhar ainda aos 13 anos, mesmo eu explicando que não poderia.
Mesmo assim, ela disparou alguns emails se oferecendo para fazer site e redes sociais, conforme este abaixo:
Quase chegando aos 14 anos
Como dia 27 de setembro ela faz 14 anos, eu pensei em começar um pouquinho antes a incentiva-la a empreender.
Pensei em aguçar nela o desejo por algo, pelo que é seu e que dependesse mais do esforço dela do que de terceiros.
Comprei 100 peças de bijouterias com algum defeitinho para ela criar novas a partir da combinação das peças boas.
Quando ela soube, ficou meio assim, porque não havia entendido direito.
Com o passar dos dias, falou com uma outra amiga, a Madu, e ambas se empolgaram e produzir as peças.
A produção das primeiras peças
No começo, foi como um hobby.
Fizemos algumas peças juntas e ela me pediu para tirar fotos, como esta aqui do meu instagram:
Ela ficou muito feliz com a repercussão das fotos com as peças dela e, surpreendentemente, se organizou imediatamente para produzir as peças.
A produção em massa
No fim de semana, a amiga dela veio em casa e elas fizeram, no primeiro dia, 20 peças.
Todas embaladas e com etiquetas feitas a mão escrito “Feito a mão e com muito carinho”.
Eu achei incrível como elas desenvolveram a personalidade do negócio melhor do que eu poderia imaginar.
Elas passaram o resto da tarde toda do sábado fazendo mais peças e embalando-as.
Vinham tirar uma ou outra dúvida e voltavam para o quarto.
Eu ouvia, vira e mexe, elas falando de algo como “investir em mais peças”, por exemplo.
A surpreendente iniciativa
No domingo pela manhã, acordei um pouco mais tarde do que de costume.
Quando cheguei na sala, um bilhete com a letra da Madu:
Imediatamente entrei em choque.
Pensei: que coisa mais linda do mundo, elas se jogando e indo atrás do que querem.
E ao mesmo tempo: Meu Deus, a Gi ainda tem 13 e elas não tem licença para vender na feira.
Fui até lá correndo.
Eu esperava que elas estivessem andando pelas pessoas com uma ou outra peça na mão, mostrando-as.
Qual foi minha surpresa?
Elas tinham levado uma mesinha portável que tenho aqui e, literamente, montaram uma banquinha lá:
E agora, o que fazer?
Por um tempo, fiquei escondida embaixo de uma amoreira e só observando.
Quando me viram, fui até elas.
E elas já haviam vendido várias peças.
Embora eu estivesse muito orgulhosa delas, pedi que viessem comigo e expliquei o motivo.
Era nítida, a frustração da Gigi por ter que vir embora.
Mas logo passou, quando ela começou a receber encomendas via whatsapp das pessoas que haviam acabado de comprar peças delas.
Esperando pelos 14 anos
Bom, eu as convenci a esperar o dia 27 para atuarem como vendedoras.
Enquanto isto, vão preparando mais peças para o acervo.
Também vou ver como faz para tirar o alvará para atuar na feira, já que elas me pediram.
E, claro, ver se ela pode atuar nesta área de acordo com o ECA.
Vamos fazer um ambiente virtual para elas e já estamos ensinando-as a usar o fluxo de caixa, etc.
Trabalhar, estudar e empreender
A Gi ainda pensa em trabalhar no mercado formal, com carteira assinada a partir dos 14.
Ao que me parece, ela quer vivenciar todo tipo de experiência profissional que puder.
Fala em trabalhar no Mc Donalds (já que tem um a 300m de casa) como primeiro emprego.
Contudo, quer conciliar com os estudos já que este ano se forma no Ensino Fundamental e pretende fazer um curso técnico.
Por ela AINDA ter 13, não conseguiu se inscrever em alguns cursos técnicos a tempo de fazer a prova, porque precisava ter 14 anos completo.
Mas ela não se deu por vencida e tem buscado alternativas para conseguir trabalhar, estudar e empreender.
Quanto a mim, além do imenso orgulho, tenho dado todo o apoio que posso, sempre alertando-a para os cuidados, claro.
♥