Me identifico muito com a mãe da Isabella Nardoni pela forma de lidar com a perda trágica – e injusta – de alguém.
Quando houve o julgamento do caso Nardoni, eu estava há dias de testemunhar no julgamento pelo assassinato de Luciano – meu falecido esposo.
Prestei atenção a cada detalhe e uma coisa me chamou atenção: ao fim de tudo, as pessoas comemoravam como se fosse uma final de futebol.
Diante da euforia popular, Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, mostrou-se consternada com aquilo:
“Não há o que comemorar. Três famílias estão se desfazendo hoje. Uma criança está morta e duas estarão privadas de conviverem com seus pais, além de carregarem um fardo e um estigma para sempre“.
Não me lembro ao certo as palavras, mas era algo neste sentido e que me tocou muito.
Dias depois aconteceu o julgamento do assassino do meu marido. As palavras de Ana Carolina ecoavam na minha mente.
E assim que foi dada a sentença, meu mundo desabou de vez.
Até aquele dia eu tinha em que me agarrar, algo para o qual lutar: a condenação do assassino. Depois da condenação não me sobrou nada.
Só a realidade de que dali para a frente a vida e as pessoas passariam a me cobrar igual a quem jamais passou pelo que passei.
Era tudo ou nada!
Ou eu superava ou eu teria que viver dentro de minha condição de vítima, de “viúva sofrida”. Eu teria que escolher entre ser forte ou fraca. Entre enfrentar ou me submeter.
E foi nessa hora que perdoei Rogério, não porque sou boa, mas porque eu não queria viver com essa âncora que é o rancor, o ódio, a necessidade de vingança. Nada mais eu poderia fazer, então era hora de cuidar de mim, da Gigi e seguir em frente.
E foi Ana Carolina, a pessoa que me inspirou a agir com resiliência, com espírito leve, com coração manso. Foi ela que me inspirou a superar.
Muito obrigada, Ana Carolina Oliveira. E que sua vida seja cheia de felicidades, pois você salvou a minha de ser uma vida amargurada.