A primeira consulta ao ginecologista é cercada de dúvidas e receios, afinal é um momento bem estranho de nossa vida.
Me lembro bem da minha primeira consulta ao ginecologista.
Minha mãe era bem moderna para a época, mas estava longe de ser o que eu consideraria uma mãe ideal, pois ela ainda era apegada a vários tabus e um deles, era o da virgindade.
Minha primeira consulta ao ginecologista foi cercada de desconfianças e ameaças, já que por um desarranjo hormonal, a minha mãe desconfiava que eu estivesse grávida.
Me lembro dos discursos que ela fez, em tom ameaçador, antes da consulta.
Durante a consulta, ela ficou cheia de indiretas, sarcasmos e insinuações, tornando aquele momento extremamente constrangedor e traumático.
Naquela mesma hora eu pensava em como eu adoraria que a minha mãe fosse capaz de lidar com a situação como uma adulta, ao invés de agir feito uma adolescente cheia de preconceitos.
Foi assim que decidi, naquela mesma hora, que quando eu me tornasse mãe, não apenas a primeira consulta ao ginecologista, mas todas as questões voltadas para a sexualidade da minha filha seriam tratadas com respeito.
Como escolher o ginecologista
Na hora de escolher o ginecologista é muito importante que a mãe peça referências do médico e faça uma pesquisa a respeito. Quando a menina vai sem a mãe, também é ideal que peça ajuda a alguém de sua confiança (tia, avó, mãe da amiga) que possa ajuda-la na pesquisa e acompanha-la.
Depois de pedir referências e fazer pesquisas, escolha a melhor opção e ligue no consultório para confirmar se ele tem experiência com adolescentes, assim evita que a primeira consulta ao ginecologista seja traumática.
- Pesquise o nome da ginecologista no Google e veja se ela tem alguma reclamação
- Se possível, pergunte nos grupos de mães se elas conhecem e tem referência da ginecologista
- Se a consultar for por convênio, sempre confirme se ela ainda atende o seu convênio na hora de agendar a consulta
- Observe a forma como ela atende os demais pacientes antes de chegar a vez da sua filha
- Observe a forma como ela atende a sua filha, como faz a anamnese e como recebe as informações dadas
Como e onde marcar a primeira consulta ao ginecologista
A primeira consulta ao ginecologista é um passo importante na saúde e bem-estar de uma adolescente. Aqui estão algumas orientações sobre como e onde marcar essa consulta:
- Escolha um médico de confiança: Procure um ginecologista recomendado por amigos, familiares ou até mesmo pelo médico de família da adolescente. É importante que ela se sinta confortável com o profissional escolhido.
- Marque a consulta: Entre em contato com o consultório do ginecologista escolhido e agende a primeira consulta da adolescente. Algumas clínicas oferecem a opção de agendar a consulta online, o que pode ser mais conveniente.
- Informe-se sobre documentos necessários: Alguns consultórios de ginecologia exigem documentos específicos para a primeira consulta da adolescente, como documentos de identidade e cartão do plano de saúde. Certifique-se de ter esses documentos em mãos no dia da consulta.
- Prepare a adolescente para a primeira consulta ao ginecologista: Explique para a adolescente a importância da consulta ginecológica e o que ela pode esperar durante a visita. É normal que ela se sinta ansiosa ou desconfortável, então assegure-se de responder a todas as perguntas e tranquilizá-la.
- Localização do consultório: Certifique-se de que a adolescente saiba onde fica o consultório do ginecologista. Se necessário, forneça o endereço, instruções sobre como chegar lá ou até mesmo acompanhe-a no dia da consulta.
Lembre-se de que cada adolescente é única, e sua primeira consulta ao ginecologista pode variar dependendo de suas necessidades individuais. O acompanhamento médico regular é fundamental para a saúde sexual e reprodutiva das adolescentes.
E se você estiver confusa e insegura sobre como conversar com a sua filha sobre o primeiro namorado e o primeiro namoro da filha, a ida e a volta são bons momentos para deixar o assunto fluir com naturalidade.
Conversando com o ginecologista
Conversando com o Dr. Rodrigo Hurtado, ginecologista e diretor-técnico da Clinica Origen, ele nos deu algumas dicas sobre a primeira consulta ginecológica.
“A mãe deve inicialmente orientar a filha sobre a importância de ter um médico que acompanhe sua saúde ginecológica (sexual, reprodutiva, infecciosa, etc)”.
Apesar disso, sabemos que muitas mães não estarão presentes neste momento da filha, por diversos motivos diferentes, então é importante que a menina conte com alguém de confiança nesta hora.
O que a adolescente deve perguntar na sua primeira consulta ao ginecologista?
A primeira consulta ao ginecologista pode ser um momento de ansiedade para uma adolescente. Aqui estão algumas perguntas que ela pode considerar fazer durante a consulta:
- Qual é a idade ideal para iniciar os exames ginecológicos de rotina?
- Como devo me preparar para a minha primeira menstruação? Quais são os sinais de um ciclo menstrual saudável?
- Como posso prevenir e tratar infecções vaginais?
- Quais são os métodos contraceptivos disponíveis e qual seria mais adequado para mim?
- Como posso me proteger contra doenças sexualmente transmissíveis?
- Tenho dúvidas sobre a minha anatomia feminina, será que você pode me ajudar a entender melhor?
- Como cuidar da higiene íntima corretamente e quais produtos devo usar?
- Quais são os sinais de problemas ginecológicos e quando devo procurar ajuda?
- Como posso manter minha saúde sexual e reprodutiva em geral?
- Qual é o calendário vacinal para adolescentes?
Lembre-se de que essa lista é apenas uma sugestão e cada adolescente pode ter suas próprias dúvidas e preocupações específicas.
É importante que ela se sinta à vontade para expressar suas preocupações e fazer todas as perguntas necessárias durante a consulta.
Para pacientes virgens, o exame físico é dispensável?
Caso a paciente seja virgem, o exame físico é totalmente dispensável e a consulta é focada em orientações e esclarecimentos da saúde feminina.
Para pacientes não virgens, o exame físico é obrigatório na primeira consulta ao ginecologista?
Também não. O exame só será feito se a paciente estiver confortável de fazê-lo na primeira consulta ao ginecologista.
A mãe ou a acompanhante devem entrar junto a primeira consulta da adolescente ao ginecologista?
A decisão de a mãe ou a acompanhante entrar junto na primeira consulta da adolescente ao ginecologista depende do conforto da paciente e da mãe.
Algumas adolescentes preferem ter a presença da mãe ou de uma pessoa de confiança durante a consulta, enquanto outras preferem lidar com o médico sozinhas.
É importante respeitar a preferência da adolescente, garantindo que ela se sinta à vontade para expressar suas preocupações e fazer perguntas.
No entanto, é recomendado que, em algum momento, a paciente possa conversar com o médico sem a presença dos pais, para que ela possa discutir assuntos mais pessoais com privacidade.
Nessa situação, outro familiar, amigo ou um profissional da equipe médica, como uma enfermeira, pode acompanhar a conversa e/ou o exame físico para garantir o conforto e a confidencialidade da adolescente.
Quando é importante a mãe entrar com a filha na consulta ao ginecologista?
Quando há necessidade de esclarecer dúvidas, desde que não desrespeitem a privacidade da paciente, sobre questões genéricas, como por exemplo, vacinas, remédios e ISTs, é possível que seja um bom momento para a mãe entrar na consulta.
Fora isto, a presença da mãe, como já citamos acima, só é necessária se for à pedido da paciente que, mesmo quando não tem nada a esconder, pode se sentir constrangida de perguntar ou dizer coisas, tirando a eficácia da consulta e de possíveis tratamentos.
O médico é obrigado a contar tudo o que rola na primeira consulta ao ginecologista para os pais?
A paciente deve ser orientada que o conteúdo dessa conversa só será discutido com os pais com autorização da dela, ou seja, o sigilo médico é preservado mesmo apesar da pouca idade da paciente.
Nem todas as mães mantém um relacionamento aberto o suficiente com suas filhas que permita troca de informações de maneira abrangente ou completa.
Questões pessoais que a paciente julgar sigilosas só podem ser discutidas com os pais na sua presença e com seu consentimento.
Dúvidas da mãe sobre assuntos ginecológicos devem ser discutidos em detalhe, na presença da paciente, em linguagem clara e compreensível para todos.
Isto quer dizer que o médico não vai responder a questões de cunho íntimo sobre a paciente, nem na primeira consulta ao ginecologista, nem em nenhuma outra.
Falando sobre métodos contraceptivos
A escolha do método contraceptivo ideal para adolescentes deve ser feita em conjunto com um profissional de saúde, como o ginecologista. Existem várias opções disponíveis, sendo as mais indicadas para adolescentes:
- Preservativo masculino (camisinha): O preservativo é um método contraceptivo eficaz e também um importante meio de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
- Preservativo feminino: Assim como o preservativo masculino, o preservativo feminino oferece proteção contraceptiva e contra DSTs.
- Pílula anticoncepcional: A pílula anticoncepcional é um método hormonal que requer ingestão diária e regular. É importante ressaltar que a pílula deve ser prescrita e orientada por um profissional de saúde.
- Injeção anticoncepcional: A injeção anticoncepcional é um método de uso hormonal que pode ser administrado mensalmente ou a cada três meses. Também é necessário acompanhamento médico.
- Implante contraceptivo: O implante contraceptivo é um pequeno dispositivo inserido no braço da mulher que libera hormônios ao longo do tempo, prevenindo a gravidez. É uma opção de longa duração e requer procedimento médico para inserção e remoção.
- Dispositivo intrauterino (DIU): O DIU é um método contraceptivo de longa duração, que é inserido no útero por um profissional de saúde. Existem versões hormonais e não hormonais.
É importante destacar que a escolha do método contraceptivo deve levar em consideração fatores individuais, como a saúde da adolescente, sua vida sexual, preferências e necessidades. O acompanhamento médico é fundamental para obter informações adequadas e fazer a escolha mais adequada.
A relação mãe e filha
Às vezes, nós queremos saber tudo da vida da filha e achamos que ela é obrigada a nos contar e pronto, nos esquecendo do respeito à privacidade e individualidade.
Em primeiro lugar, é legal lembrar de quando éramos adolescentes.
Muitas vezes, mesmo que nossa mãe fosse a mais legal do mundo, alguns assuntos fossem muito constrangedores de tratar com ela.
Fora quando a mãe tinha regras tão sistemáticas que só de pensar em contar ou dela desconfiar algo, pronto, tínhamos uma síncope.
Pois bem, agora que estou no papel de mãe procuro entender e respeitar a privacidade da minha filha, desde que isso não implique em algum risco à ela, claro.
Começando pela primeira consulta ao ginecologista e, claro, respeitando cada momento do desenvolvimento da sua sexualidade, que vai acontecer no tempo dela e não no meu.
+++
A primeira consulta ao ginecologista é muito importante e precisa ser livre de tabus e receios, para que se consultar regularmente se torne natural.
Beijos,
♥
Confira outras dicas de saúde do nosso blog, na categoria SAÚDE. Entenda também porque nem sempre nossas filhas nos contam tudo.
Confira também as 9 perguntas que as mulheres devem fazer ao ginecologista.
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