São vários estudos que comprovam que apanhar na infância causa danos na vida adulta, mesmo que os danos não tenham sido percebidos.
Há quem negue que apanhar na infância causa danos na vida adulta, mas negar isso já é, por si só, um sinal de que há danos.
Sim! Relativizar a violência infantil, especialmente contra vulneráveis, é um sinal claro de danos causados pela vivência e relativização ao apanhar na infância.
Caso Pedro Scooby:
“Cara, teve uma vez que um amiguinho do Dom foi lá em casa, passar o dia lá em casa, aí o moleque foi com a mãe. A mãe estava ali, brincando e tal, e o moleque toda hora respondia. A parada já estava me deixando irritado”, disse Pedro Scooby durante o BBB22.
Claro que imediatamente tiveram os que defendem que bater nos filhos educa e até justificaram dizendo que o garoto, especialmente porque na fala dele ele completou que após o tapa na cara do menino, a boca inchou na hora e o garoto nunca mais respondeu.
Essa ideia de que ao bater, a criança deixa de praticar a ação que o adulto repreendeu com violência infantil, é sinal de que funcionou, é um equívoco, porque em geral ela funciona apenas diante desse adulto e dos que possam, porventura, “dedura-lo”, ou seja: não educa. Amendronta.
“Eu apanhei e tô vivo e bem”
Aqueles que romantizam a violência parental, que é isso de pais baterem em filhos com a desculpa de estarem educando, amam dizer que apanharam e estão vivos e bem.
Vivos, pode ser. Mas bem? Não estão, não.
Não existe como alguém que veja com naturalidade e que defenda bater em alguém vulnerável, estar bem.
Essa pessoa está certamente adoecida, recheada de um sadismo e um sentimento de vingança que só aconteceu justamente porque ele apanhou quando criança e relativizou a violência como demonstração de afeto que, na verdade, não é.
A romantização da violência contra crianças e adolescentes
Bater em animais é inaceitável.
Bater em idosos é inaceitável.
Bater em adultos, plenamente capazes de se defender, é inaceitável.
Então por que seria aceitável bater num filho, criança ou adolescente, em situação de completa vulnerabilidade?
A resposta é simples: porque fomos socializados para romantizar a violência parental que, na verdade, é a mais cruel das violências, já que vem justamente de quem deveria nos proteger, acolher e ensinar.
O adulto, quando erra, sente dor, cai ou qualquer coisa, tem acolhimento dos demais, que entendem que errar é humano, sentir dor gera sofrimento etc.
Mas quando é uma criança, esse direito é anulado e, pior, a violência é inclusive cultuada.
É bem comum pais que não batem em filhos serem tratados como se fossem os errados.
E é bem mais comum as pessoas ACONSELHAREM pais e cometerem violências contra os filhos quando o comportamento deles não corresponde ao esperado.
Essa romantização da violência parental só existe porque há PRAZER e SADISMO nessa violência.
Prazer de quem vê a criança sendo punida com violência.
Prazer em quem pune a criança com violência.
Prazer disfarçado de “estou educando”.
Mas é prazer, tanto que esses pais não só praticam, mas DEFENDEM e INCENTIVAM outros pais.
Mas como educar sem bater?
Educar um filho é um processo contínuo e permanente.
Não é você falar uma única vez e de qualquer jeito e pronto.
É você cuidar de como comunica, de como ensina, de estar presente para garantir o direito de errar e de continuar sendo amado.
Educar é acolher, é repreender, é dar limites, mas sempre com respeito.
Bater não é educar.
Bater é violência.
Você vai falar a mesma coisa mil vezes, de mil formas diferentes.
Muitas delas não vão funcionar.
Igualzinho é com o seu marido ou esposa, com o seu colega de trabalho ou com você mesma, inclusive.
Crianças e adolescentes são PESSOAS
Uma questão que é bem óbvia, mas vive sendo ignorada é que crianças e adolescentes são PESSOAS.
E, se são pessoas, não deve ser normal que sofram violência de nenhuma natureza.
Especialmente dos próprios pais.
Elas tem sentimentos, desejos, sonhos e, principalmente, direitos.
O respeito começa pelos pais
Sim!
Você pode chiar, choramingar, mas é você, pai ou mãe, que tem que começar ensinando respeito.
Sabe como? RESPEITANDO.
Não dá pra ficar exigindo respeito, enquanto desrespeita.
Principalmente porque hoje os filhos tem acesso a informações e eles vão saber em algum momento que os pais tinham a OPÇÃO de criá-los com respeito e sem violência, mas ESCOLHERAM bater.
Então vão saber que os pais ESCOLHERAM deliberadamente cometer violência contra um ser vulnerável.
Logo, obviamente isso não vai ser bom pra relação futura de vocês.
Então, meu conselho é: reveja HOJE MESMO suas atitudes e respeite seus filhos.
Não cometa violência.
Dá para educar sem nunca dar uma palmada?
Dá!
E eu estou de prova.
Gigi tem 18 anos, é um ser humano ótimo e eu nunca bati.
Aliás, ela sempre foi a criança mais educada de todas, onde quer que fôssemos.
Depois, a adolescente mais educada e agradável onde quer que fôssemos.
Sabem por quê?
Porque eu a criei para ser segura de si, para ser respeitosa com as pessoas e ambientes.
Eu a criei com respeito e para saber que agressões e violências são intoleráveis.
Ela entra e sai dos lugares causando a melhor impressão.
Ao contrário do que dizem os entusiastas da violência infantil, ela jamais sequer cogitou me bater ou gritar comigo.
Essa desculpa de que se não bater, os filhos vão bater nos pais é só mais uma forma de se darem anuência para a mais cruel das violências: contra os próprios filhos.
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