Perigo!
Onde nasci tem um ditado que diz que Deus proteje os bêbados e as crianças do perigo.
E é a pura verdade.
Não falarei sobre os bêbados porque o assunto aqui são os pequenos.
Criança quando cai, quica, passa na frente de carro com super velocidade, tem campo de força quando tá de bicicleta, hipnotiza cachorro, escala paredes e voa.
De cima do muro pro chão, claro.
Sempre na mesma velocidade com que se levanta e vai pra guerra onde a bala é goiaba verde.
Deus sabe como aquilo dói. E eles gostam do perigo.
Mais do que isso: a curiosidade infantil é mórbida. Ela ri na cara do perigo há há há – nem me lembro de que carro onde eu tirei isso, que chato…
Nenhum pai ou mãe está livre de passar por esses apertos
Exagero? Nunca viu isso?
Fácil: vai em qualquer restaurante ou churrascaria que tem porquinho infantil e depois me fala se o mantra mais ouvido lá não é “DESCE DAÍ QUE TU VAI CAIR, PESTE!”.
Por mais que a gente tome todo o cuidado do mundo, os pequenos teimam em nos driblar e, quando vemos, o filhote de Indiana Jones já está pendurado numa árvore, à beira de um precipício e a gente imóvel, em pânico total.
Todo pai já foi uma criança (travessa)
Bem, como este Daddy aqui também foi criança vou contar aqui duas situações em que me meti e que prova: pode até não parecer, mas quando crianças, somos praticamente inquebráveis.
A primeira foi quando brincando no jardim da minha casa, resolvi pegar num vidro lá quebrado e, claro, me cortei.
E não foi um corte tão pequeno, tanto que tenho a cicatriz visível até hoje.
Corte aberto, sangue jorrando, não contei conversa, peguei um punhado de terra, enchi a outra mão, pus o dedo na terra, fechei a mão e pronto.
Cinco minutos depois, sangue está estancado e o ferimento sarado. Infecção? Pffffffff
A outra situação envolveu cinco crianças num caso típico de bulling turbinado.
Numa praça em frente ao colégio em que eu iria começar a estudar na terceira série (antes estudava em casa cá mainha) tinha uma lâmpada que ilumina um busto de um corrupto qualquer mas estava quebrada.
Na realidade, só tinha o fio desencapado.
Pois os pestes que estavam lá me desafiaram a por um pedaço de metal naquele fio e o que o idiota aqui fez?
Tomei um choque tão grande que até hoje quando me lembro me retraio todo.
Como não morri? Não faço idéia.
E quando chegam os filhos…
Meus pequenos também já se meteram em apuros tão desesperadores quanto este.
Certa vez, numa viagem que fizemos pelo interior do estado, paramos pra conhecer um hotel fazenda muito bom, por sinal e na entrada tinha um cachorro.
Não, um cachorro não, era um São Bernardo.
Não me pergunte como um bicho daquele foi parar no sertão cearense.
Meu filho, que sempre foi apaixonado por cachorros, imediatamente virou pra mim e foi meia hora de “deixeupegarnele deixeupegarnele” e claro que a dona do hotel já veio com um singelo “ela não morde não, é bem mansinha.”
Aquilo era ela.
Como eu sou desconfiado com cachorros, deixei ele se aproximar mas segurando forte no braço dele, quase no ombro.
Foi o menino tocar naquilo que parecia a cabeça de um elefante e a resposta instantânea do bicho foram três mordidas simultâneas.
Mordeu o ar, porque eu já tinha puxado o.pequeno para trás de mim numa reação absolutamente instintiva.
Foram entre dois e três segundos, o tempo de eu puxar ele e me virar pra ver o estrago.
Uma mordida de um bicho daquele numa criança de seis anos traria sequelas terríveis.
Mas, felizmente, o bicho não tinha alcançado e eu me tremi por mais dois dias seguidos.
E o espírito aventureiro..
De outra vez num parque ecológico ele sismou de fazer arvorismo.
Tudo pronto, equipamento de segurança colocado, ele sobe e começa a travessia.
Só que tinha uma piscina natural em um córrego que passava embaixo do aparelho de arvorismo e tinha uma mureta de pedra que se alguém caísse da trilha nela era morte certa.
Confesso que na hora não percebi o perigo que ele corria.
Pois para eu aprender a lição, quando ele passava por cima da mureta de pedra da piscina – uns três metros acima – o equipamento de segurança que o atava ao cabo de aço simplesmente caiu como.uma bermuda sem elástico.
Estava muito frouxo e ele não conseguia colocar de volta.
Entrei em pânico, mas só por dentro porque eu tinha que guiar ele pela travessia sem o equipamento.
Foi sufoco muito, mas felizmente ele concluiu o trajeto sem nenhum problema.
O pesadelo dos pais: a piscina
Por último a mais rápida e assustadora: ele sempre adorou piscina e numa dessas viagens pra casa de praia ele com 5 anos resolveu ficar na parte rasa.
Claro que eu fiquei perto para evitar o “vai que…’
Pois o rapaz resolveu fazer uma peripécia com um tipo novo de macarrão flutuante que tinha surgido, esse aí da figura.
Ele funcionava assim: a criança colocava os braços nos arcos e o elo que os liga fica no peito e assim a criança flutua.
Mas como tinha que ser com emoção, o pivete colocou com o elo de ligação nas costas. E “vestiu” outro com o elo de ligação na bunda.
Claro, aconteceu exatamente isto que vocês estão imaginando:
- ele escorregou e a posição das boias fez com que ficasse com o rosto dentro d’água.
Ele não conseguia se virar de jeito nenhum.
Agora, imaginem minha corrida pra dentro da piscina e a forma como eu joguei ele na grama a três metros de distância.
O celular? No meu bolso, claro.
Resumo de tudo isso: Todos vivos, remendados e felizes.
E por falar em feliz, meu analista já tá me chamando, até a próxima!