E aí: qual é a música?
Todo pai e mãe de primeira viagem erra muito quando se trata de criar os filhos.
E um dos erros que cometi foi comprar um andajá (por aqui, chamado de “andador”) para meu filho mais velho.
Andador: porque os médicos não recomendam
Dentre os problemas que os médicos citam, uma delas é a possibilidade de retardo no fortalecimento dos ossos e musculatura das pernas.
Isso, porque nesta fase ele deve se capaz de suportar todo o seu peso ao aprender a dar os primeiros passos e no andajá ele praticamente senta e impulsiona o carrinho com os pés.
Como nos Flintstones.
Andando na ponta dos pés
Mas eu percebi outro problema que também atrapalhou a fase de aprendizado motor dele.
Como o aparelho era um pouco.alto, ele acabava andando com a ponta dos pés e quando foi andar sem o auxilio da engenhoca, a gente teve um exímio bailarino em casa por alguns meses.
Só andava na ponta do pé.
Mas esta fase nos proporcionou muitas gargalhadas e momentos de “AI, MEU DEUS, EU VOU MATAR DE TANTO BEIJO, COISA LINDA”
Olha a cena
Sistema de som na sala e ele no quarto brincando.
Ligamos o som e na hora que a Marisa Monte começar a cantar “Pousa-se toda Maria…” se ouvia imediatamente as rodinhas no piso do apartamento.
Era ele dando uma de Barney Roble.
Chegava perto do sistema de som e começava a saltitar no que ele imaginação ser uma dança.
Não tinha jeito, eu tinha que voar em cima dele e morder todinho.
Eu amo brega
Não vou negar, somos bem chatos quando se fala em gosto musical.
Embora curta praticamente todos os estilos, dos mais populares, curto apenas as velharias ou mais rebuscadas, nada de estilos universitários, seja forró, sertanejo ou os funks de bunda empinadinha pelo amor de Deus não gosto mesmo.
Mas curto Brega.
Curto, não, AMO brega.
Caramba, isso não tem nada a ver com o texto…
Gosto musical dos pais
De repente comecei a pensar sobre a influência que exercemos sobre o gosto musical dos filhos.
A infância toda, a gente determina o que eles ouvem.
Não gostamos da música que eles estão ouvindo?
Simples: troca o dial, muda o CD.
Música boa é a que a gente gosta e os coitados tem que aguentar.
Gosto musical dos filhos
A partir de certa época a gente nota uma necessidade desesperada deles de se livrar das tralhas culturais e emocionais que enfiamos na cabecinha deles.
Porém, a essência ficou adormecida e uma hora tudo isso eclode.
As fases e viagens musicais
A viagem musical do meu filho mais velho foi bem radical.
Na infância, eu controlava o que ele ouvia e o estilo mais, digamos, televisivos.
Ele escutou muito o CD dos “Bananas de pijama descendo a escada, bananas de pijama uma turma bem levada…”.
O negócio realmente era Canções de Brincar, Canções de Ninar, A Turma do a balão Mágico, Arca de Noé e por aí vai…
O aniversário de 4 anos no colégio
Chega a hora dos parabéns e ele solta no microfone:
“Hoje eu sinto que cresci bastante,
Hoje eu sinto que estou muito grande.
Hoje eu sinto que sou um gigante,
Do tamanho de um elefante.
É que hoje é meu aniversário.
E quando chega meu aniversário
Eu me sinto bem maior bem maior bem maior
Bem maior do que eu era antes”
No “bastante” eu já estava no chão chorando em posição fetal.
Eu cantava isso com ele todo dia. Foi uma das cenas mais lindas que eu já vi na minha vida.
Para se ter uma ideia, esta música do Paulo Tatit, do disco “Canções de Brincar”, foi cantada no aniversário de 23 anos dele no ano passado.
Sem brincadeira nenhuma, para mim, nenhuma canção de aniversário bate esta.
A adolescência
Não tem jeito, adolescência foi feita pra bagunçar a estrutura familiar.
E com a música não tinha como ser diferente.
Logo apareceram os reggaes, trash metal e raps marginais, mas até aí tudo bem.
Agora, no dia que um assoviou um forró universitário eu delicadamente tive que ameaçar quebrar os dentes dele e aí ficou tudo de boas.
Cada filho é de um jeito
Já a pré-adolescência do outro filho foi preenchida com músicas de abertura de anime japonês.
Graças aos céus, parou antes de começar a febre do k-pop.
Quando começou o segundo grau, percebi que ele estudava ouvindo música e ao procurar ver qual o estilo, vi que era uma coisa entre o jazz e o jazz-rap mas bem legal, por sinal.
Este tá encaminhado.
Mas e aí, qual é a música da vez?
Hoje, continuo sem saber muito o que eles escutam, mas os flashes que me vêm são quando eles me mostram algo, deixam claro o que eles estão amando naquele momento.
Nesta semana, o mais velho veio comentar comigo que tinha escutado umas músicas do último disco do Criolo “Espiral de Ilusão” e que gostou tanto que ficou ouvindo samba o resto do dia.
Para sacanear, detonei:
– E Cartola?
– Foi o que mais ouvi.
Orgulho define.
Qual é a música?