A medida da liberdade é responsabilidade e esta é a difícil lição a ensinar aos nossos adôs.
Tudo bem, eu já fui adolescente e entendo bem como é complicado sentir anseios e vontades, querer decidir quando, como e com quem ir aos lugares, achar errado não poder fazer coisas que “todo mundo faz”, etc.
Eu entendo, mas não existem atalhos para esta lição.
Não existem porque mesmo que nós, mães, sejamos complacentes e deixemos as coisas correrem soltas, a vida vai se encarregar de dar a lição e esfregar na cara dos nossos pupilos a realidade, que é: a medida da liberdade é responsabilidade.
Sendo assim, esta máxima é um dos pilares aqui de casa e é repetida à exaustão para que a Gigi entenda que não existe “hora certa” que não seja a hora em que ela esteja apta e preparada para exercer alguma liberdade, porque provou por A mais B que terá responsabilidade para administrar a situação e todas as possíveis situações adversas.
Em resumo: é preciso ter comprovação de que está habilitada a receber a confiança materna – e paterna – antes de exigir seu direito de ir e vir.
Por exemplo, não tem como eu achar que está ok a Gigi ir ao shopping e voltar sozinha se ela não se sente capaz de ir e vir sozinha da escola – que é a mesma distância que o shopping.
Não tem como eu confiar que ela cumprirá toda a sorte de tarefas e responsabilidades fora de casa, quando dentro de casa ela não o faz.
E isto vale para sair, para sexo, para namoro, para tudo.
Eu reconheço que as coisas acontecem independente de minha “permissão” ou não, afinal já fui adolescente e sei bem como é. Pai e mãe não determinam nada, no fim das contas.
Por isso mesmo tento manter a melhor relação possível e mostrar para a Gigi que não quero precisar ser a chata, mas para isto ela precisa colaborar e fazer a parte dela – e fazer bem feita, aliás – para que eu possa confiar que ela será capaz de seguir seus princípios em qualquer lugar e com quem for que ela estiver, mesmo que com alguns deslizes.
A Gigi é uma boa menina e temos uma boa relação, no entanto, não deixa de ser um indivíduo e, pior, adolescente. Então não serei a mãe que tapa o sol com a peneira do “minha filha, não”, porque eu sei que ela pode vir a cometer seus escorregões na vida, então que ao menos ela aprenda com eles.
A começar pelos que ela comete dentro de casa, quando enrola para cumprir tarefas básicas e as faz mal feitas.
Como eu sempre brinco aqui: “Não se dá ao trabalho de arrumar nem a cama, vai querer arrumar namorado?”
Ser mãe é mágico. Mas não dá pra usar varinha de marmelo e nem chinelo. Tem que usar mesmo é todo nosso poder de argumentação e negociação, palestrar o tempo todo e se dedicar para fazer daquele serumaninho a melhor pessoa possível. E sem responsabilidades isso não vai acontecer.
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