A primeira consulta ao ginecologista é cercada de dúvidas e receios, afinal é um momento bem estranho de nossa vida.
Me lembro bem da minha primeira consulta ao ginecologista.
Minha mãe era bem moderna para a época, mas estava longe de ser o que eu consideraria uma mãe ideal, pois ela ainda era apegada a vários tabus e um deles, era o da virgindade.
Minha primeira consulta ao ginecologista foi cercada de desconfianças e ameaças, já que por um desarranjo hormonal, a minha mãe desconfiava que eu estivesse grávida.
Me lembro dos discursos que ela fez, em tom ameaçador, antes da consulta.
Durante a consulta, ela ficou cheia de indiretas, sarcasmos e insinuações, tornando aquele momento extremamente constrangedor e traumático.
Naquela mesma hora eu pensava em como eu adoraria que a minha mãe fosse capaz de lidar com a situação como uma adulta, ao invés de agir feito uma adolescente cheia de preconceitos.
Foi assim que decidi, naquela mesma hora, que quando eu me tornasse mãe, não apenas a primeira consulta ao ginecologista, mas todas as questões voltadas para a sexualidade da minha filha seriam tratadas com respeito.

Como escolher o ginecologista
Na hora de escolher o ginecologista é muito importante que a mãe peça referências do médico e faça uma pesquisa a respeito.
Quando a menina vai sem a mãe, também é ideal que peça ajuda a alguém de sua confiança (tia, avó, mãe da amiga) que possa ajuda-la na pesquisa e acompanha-la.
Depois de pedir referências e fazer pesquisas, escolha a melhor opção e ligue no consultório para confirmar se ele tem experiência com adolescentes, assim evita que a primeira consulta ao ginecologista seja traumática.
Conversando com o ginecologista
Conversando com o Dr. Rodrigo Hurtado, ginecologista e diretor-técnico da Clinica Origen, ele nos deu algumas dicas sobre a primeira consulta ginecológica.
“A mãe deve inicialmente orientar a filha sobre a importância de ter um médico que acompanhe sua saúde ginecológica (sexual, reprodutiva, infecciosa, etc)”.
Apesar disso, sabemos que muitas mães não estarão presentes neste momento da filha, por diversos motivos diferentes, então é importante que a menina conte com alguém de confiança nesta hora.
Virgindade
Para pacientes virgens, o exame físico é dispensável?
Caso a paciente seja virgem, o exame físico é totalmente dispensável e a consulta é focada em orientações e esclarecimentos da saúde feminina.
Para pacientes não virgens, o exame físico é obrigatório na primeira consulta ao ginecologista?
Também não. O exame só será feito se a paciente estiver confortável de fazê-lo na primeira consulta ao ginecologista.
A mãe ou a acompanhante devem entrar junto na sala de consulta?
A mãe pode ou não entrar. Isso vai depender de como a paciente e mãe se sentem mais confortáveis na hora.
No entanto, é muito importante que em algum momento a paciente possa conversar com o médico sem a presença dos pais.
Nessa hora, outro familiar, amigos ou mesmo outro profissional da equipe médica (enfermeira) deve acompanhar a conversa e/ou o exame físico.
Isto serve para garantir que a paciente fique plenamente a vontade em dizer o que precisa, sem qualquer constrangimento ou limitação.
O médico é obrigado a contar tudo o que rola na primeira consulta ao ginecologista para os pais?
A paciente deve ser orientada que o conteúdo dessa conversa só será discutido com os pais com autorização da dela, ou seja, o sigilo médico é preservado mesmo apesar da pouca idade da paciente.
Nem todas as mães mantém um relacionamento aberto o suficiente com suas filhas que permita troca de informações de maneira abrangente ou completa.
Questões pessoais que a paciente julgar sigilosas só podem ser discutidas com os pais na sua presença e com seu consentimento.
Dúvidas da mãe sobre assuntos ginecológicos devem ser discutidos em detalhe, na presença da paciente, em linguagem clara e compreensível para todos.
Isto quer dizer que o médico não vai responder a questões de cunho íntimo sobre a paciente, nem na primeira consulta ao ginecologista, nem em nenhuma outra.
A relação mãe e filha
Às vezes, nós queremos saber tudo da vida da filha e achamos que ela é obrigada a nos contar e pronto, nos esquecendo do respeito à privacidade e individualidade.
Em primeiro lugar, é legal lembrar de quando éramos adolescentes.
Muitas vezes, mesmo que nossa mãe fosse a mais legal do mundo, alguns assuntos fossem muito constrangedores de tratar com ela.
Fora quando a mãe tinha regras tão sistemáticas que só de pensar em contar ou dela desconfiar algo, pronto, tínhamos uma síncope.
Pois bem, agora que estou no papel de mãe procuro entender e respeitar a privacidade da minha filha, desde que isso não implique em algum risco à ela, claro.
Começando pela primeira consulta ao ginecologista e, claro, respeitando cada momento do desenvolvimento da sua sexualidade, que vai acontecer no tempo dela e não no meu.
+++
A primeira consulta ao ginecologista é muito importante e precisa ser livre de tabus e receios, para que se consultar regularmente se torne natural.
Beijos,
♥
Confira outras dicas de saúde do nosso blog, na categoria SAÚDE. Entenda também porque nem sempre nossas filhas nos contam tudo.
Confira também as 9 perguntas que as mulheres devem fazer ao ginecologista.
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