Quando a mãe fica doente, o resto da família tem que se virar para cuidar das coisas e da mãe, que também precisa de cuidados especiais. Mas é nesta hora que a gente percebe a diferença que ela faz nas nossas vidas.
Quando eu era nova, poucas vezes na vida vi minha mãe ficar doente.
Quer dizer, a vi adoecer muitas vezes, mas pouquíssimas ou talvez nenhuma vez, a vi deixar as coisas por nossa conta e ficar tranquila, apenas recebendo cuidados, como é comum a qualquer outro membro da família.
Ela sempre acabava fazendo algo ou escalando uma das minhas tias para fazer suas vezes em casa.
Claro que nós nos esforçávamos ao máximo para cuidar da rotina e dela, mas não chegávamos nem perto do que ela fazia por nós.
Agora, eu sou a mãe da casa
Hoje em dia, a mãe da casa sou eu e eu não me acho nem 10% do que minha mãe era.
A rotina da minha casa era impecável e minha mãe sempre estava com tudo sob controle.
Por aqui, eu tenho lá meus méritos, mas não chega nem perto do que era com a minha mãe.
Vira e mexe, atraso o almoço, acabo perdendo o controle e a Gi tem que sair correndo, por exemplo.
Ainda assim, foi quando fiquei de cama que percebi que mesmo não sendo a mãe do ano, minha rotina faz muita diferença.
E também foi quando percebi que ser a mãe da casa, é se cuidar sozinha, mesmo que todos tentem cuidar de você.
Não se trata de uma reclamação, porque aqui eles fizeram tudo por mim.
A questão é mera constatação de que não adianta, ninguém fará nada como a mãe da casa faz e ninguém se dará conta de todas as preocupações como ela dá.
Refeições
Por mais que estivesse de cama, existe uma convenção silenciosa que diz que se a mãe não faz refeição, parece que ninguém precisa comer.
Aí que eu, doente, com uma infecção severa, tinha que me levantar para preparar algo, porque senão ou não teria o que comer ou teria só macarrão e hambúrguer todos os dias.
Na real, por mais que todos estejam preocupados com nossa recuperação, não entendem que precisamos de todas as refeições feitas nos horários para isto.
Aí que quando estão doentes nem se dão conta, mas só comem todas as refeições, porque nós mães estamos ali, empenhadas e preocupadas e proporciona-las.
Remédios
Se você não é a mãe da família, certamente nunca deve ter parado para pensar que remédios sempre tem horários e que você não acorda na hora, alguém – a mãe, no caso – vai te levar o remédio e a água no horário certinho.
Quando você é a mãe, a coisa muda: ou você se atenta para cada horário do seu próprio remédio ou então fica sem tomar, porque raramente alguém vai tomar para si a tarefa de monitorá-los.
Aí é mais uma coisa que dói em ser mãe: ninguém se envolve de verdade em todas as fases da nossa recuperação.
Acham que ficar 10 minutos segurando nossa mão e cobrir nossos pés é o suficiente para que nos recuperemos.
Cuidados com a casa
Neste aspecto, não tenho um A para reclamar.
Os dois aqui em casa deixaram a casa impecável, porque o cuidado com a casa já era tarefa recorrente deles.
Assim, eu pude ao menos desfrutar de uma casa limpa e arrumada durante todo o meu processo de adoecimento que durou 7 dias.
No entanto, há muitos casos em que além de tudo, a mãe ainda tem que fazer as coisas da casa, mesmo doente.
Sem falar dos casos que a mãe precisa lavar e passar roupas, porque mesmo doente, os demais membros não conseguem se virar e, muito menos, tirar delas as tarefas.
*Porque para muitos, mães não tem direito de ficar doentes e quando ficam, elas que se virem para sarar sem atrapalhar as rotinas dos pobres coitados que estão ótimos, mas pouco se importam com suas mães.*