Sempre morri de medo do tal do “Te pego na saída”.
Afinal, sempre fui magricela e miúda e o mais perto de esporte que pratiquei foi Xadrez e o mais perto de luta, foi ballet.
Sendo assim, certamente eu levaria a pior em uma briga.
Passei a vida escolar inteira me esquivando de possíveis encrencas e, por sorte, jamais apanhei.
Se tivesse que contar com a minha mãe, seria ainda pior, porque ela era do time: “Se apanhar na rua, apanha em dobro em casa”.
Sobrevivi.
Consegui passar sem apanhar na rua e sem apanhar – POR ESTE MOTIVO – em casa. Ufa!
Mas aí a Gigi cresceu e aquilo que eu achava que jamais voltaria a me aterrorizar, voltou.
E mil vezes pior. Agora, o “Te pego na saída” me deixa mil vezes mais temerosa.
E eu que pensei que ser adulta resolveria pelo menos o meu medo da hora da saída da escola…
O “te pego na saída” chegou para a Gigi
Semana passada, a Gigi me pediu para ir busca-la, pois uma menina (bem maior que ela, diga-se) proferiu o tão temido “Te pego na saída”.
Cheguei na escola para falar com a diretora: “Fulana soltou um “te pego na saída” para a minha filha”.
A diretora, que inclusive é uma das pessoas mais competentes que já conheci na área educacional até hoje, prontamente se pôs a me ouvir.
Com toda a paciência e delicadeza do mundo, perguntou para a Gi se ela imaginava o motivo.
Gigi explicou que era uma menina nova e que nos primeiros dias, ela e a amiga da Gi se esbarraram acidentalmente e, desde então, o clima ruim se instaurou.
Entendidos os possíveis motivos, que na verdade não era nada demais, partimos para possíveis soluções.
Calma, gente, vamos conversar
Acredito que em 90% das vezes, uma boa conversa resolva as questões.
E foi exatamente isto que propus à diretora: conversar com a menina.
No entanto, por uma questão de legislação, pais não podem conversar com filhos dos outros sem a presença dos pais deles.
A minha ideia era evitar envolver os pais da menina, porque sei que isto seria um problema para ela.
A hora dos adultos agirem como adultos e torcerem para dar certo
Eu não podia conversar, mas a diretora pode!
Foi aí que sugeri à diretora que ela mesma falasse com a menina antes de chamar os pais.
E que, inclusive, deixasse claro que eu fui lá falar com ela na intenção de resolver isto sem envolver os pais dela.
Me coloquei a disposição para falar com os pais dela, claro, mas só se fosse necessário.
Foco no poder da serenidade
Diante da diretora, conversei e instruí a Gi a ser serena e receptiva e que se desculpasse, caso a menina apontasse algo como motivador do comportamento dela.
Imediatamente a instruí a ser o elemento apaziguador, agindo com sabedoria para minimizar a situação.
A diretora reforçou isto e se prontificou a conversar com a garota no dia seguinte.
A hora da verdade
No dia seguinte, a diretora chamou a menina antes de começar a aula.
Não sei como foi a conversa, mas sei como foi a reação imediata dela com a Gigi.
Gigi me mandou mensagens dizendo que a garota não só havia parado de mexer, como estava sendo inclusive carismática e solícita.
Isto não apenas amenizou minhas preocupações como também me deixou feliz por saber que ainda há espaço para resolver as coisas com serenidade.
Então agora parece estar tudo bem…
Ufa! Por agora, parece que deu tudo certo e os pais da menina nem precisaram ser incomodados.
Espero que continue assim.
Que bom que tudo foi resolvido da forma mais simples de todas e pudemos selar a paz mundial no 9º ano A.
Afinal, daqui alguns meses elas já se formam e teriam que sair juntas nas fotos.
Melhor que tenham uma história com final feliz para contar, não é mesmo?
Vai, NONO A! Bora brilhar.
Cuidado, porque ainda tem mais 3 anos…
É, mas é bom ressaltar que ainda tem mais 3 anos de vida escolar pela frente e que apesar de irem para o Ensino Médio, nada muda de verdade.
As mesmas caras, as mesmas brigas, algumas novas e agora vem Limite e Derivada pra se preocuparem, além de tudo.
E eu espero que o máximo que signifique o “Te pego na saída” desta galera, seja um código para darem uns beijos depois da aula.
“Ah, mas eu não quero minha filha se beijando depois da aula”.
Então fique aí com seu conservadorismo besta, porque por aqui eu quero mais é que a minha beije muito e tenha zero brigas.
Apenas beijos e boas histórias para contar quando chegar na minha idade.
♥