A Gigi, minha filha, está fazendo o Ensino Médio em escola pública estadual, assim como fez o Ensino Fundamental também
Fazer o Ensino Médio em escola pública estadual não é o que consideramos ideal, eu sei. Mas é a nossa realidade, como é a de muitos outros jovens no país.
Não vou dizer que isto não me preocupa, pois sabemos bem que a realidade esfrega na nossa cara o quanto alunos do ensino particular tem vantagens no vestibular e, mais tarde, no mercado de trabalho.
Contudo, é com isto que temos que lidar.
O alto índice de ausência de professores
Uma das coisas que me incomodam muito na escola pública, é o alto índice de ausência de professores.
Ao meu ver, isto não afeta os alunos apenas pela ausência de aulas e, portanto de menos conteúdo ao longo do ano letivo.
Também é bom observar que a cada aula vaga, os alunos acabam se desligando do desenvolvimento do aprendizado, em si.
O que quero dizer, é que a cada vez que falta um professor, eles se desinteressam mais de aprenderem.
Perdem o fio da meada, eu diria.
O baixo envolvimento dos pais de aluno na rotina escolar
Uma outra coisa que eu percebo, é que o envolvimento dos pais de alunos de Ensino Médio em escola pública é muito menor.
Talvez porque vivam afogados em suas rotinas massivas e desumanas para sustentar a família.
Talvez por não acharem que este envolvimento seja necessário.
Talvez por outros N motivos que não sejam necessariamente dolosos.
Mas é realidade é que grande parte dos pais de alunos da rede pública não sabem o real papel dos pais na vida escolar dos filhos.
A ausência de recursos
Bom, talvez este seja o principal atributo que diferencie a escola particular da escola pública.
A falta total de recursos tecnológicos, laboratoriais, materiais e toda a sorte que se possa imaginar.
Para se ter uma ideia, a Gi jamais entrou em um laboratório de Química na vida.
Isto, por si só, já é uma baita desvantagem na hora do vestibular contra quem pode ter acesso a mais recursos de aprendizado, claro.
A insegurança constante
Por mais que eu queira, não há como negar: a escola não é mais o lugar seguro que era nos nossos tempos.
Hoje em dia, drogas rolam dentro da escola e não dá nem para culpar os responsáveis pela escola.
Assim como a falta de recursos materiais, a escola sofre de falta de pessoal e mesmo que tivessem, não é professor nem bedel que tem que enfrentar este tipo de situação.
A insegurança na escola pública é algo que assola a todos: alunos, professores, funcionários e pais de aluno.
Brigas e violência
Outra questão que me atormenta, são as brigas dentro e principalmente no entorno das escolas públicas.
Eu até já falei disso no post “Quando o “Eu te pego lá fora” é como a nossa filha”.
Este índice é bem menor nos arredores de escolas particulares, porque em geral, alunos das escolas particulares vão e voltam com transporte particular.
No caso dos alunos da escola pública, a grande maioria vai e volta por conta própria, sozinho.
Com isto, tornam-se suscetíveis a possíveis brigas, mesmo que fora da escola, no caminho para casa.
Isto, quando não é dentro da escola mesmo que acontece, como foi o caso da garota morta em uma briga durante uma aula vaga.
O machismo e o assédio de professores
Quando eu entrei no colegial, as coisas eram bem diferentes de hoje em dia.
Quer dizer, deveriam ser.
Eu achava que o machismo e o assédio daquela época já não existiam mais dentro da sala de aula, mas me enganei.
Basta ver o post: “Alunas do centro Paula Souza se levantam contra o machismo e o assédio dentro das salas de aula“.
O lado bom…
Bem, é complicado ver o lado bom da escola pública quando se pensa no futuro dos nossos filhos competindo com quem tem muito mais privilégios, mas não somos um poço de amargura, então vamos lá!
Na escola da Gi, por exemplo, a diretora e a coordenadora pedagógicas são realmente envolvidas com a formação do indivíduo.
Elas gostam de conversar com os pais, de entender o lado dos alunos, de manter um elo de parceria, de mostrarem-se atentas.
Também gosto de ver que a escola da Gi é empenhada na inclusão de pessoas com deficiência e que para cada aluno com deficiência, eles empenham uma cuidadora ou cuidador.
O olhar da Gi para com as pessoas com deficiência mudou completamente depois que ela passou a conviver ativamente com eles e isto é algo que eu jamais poderia proporcionar a ela.
Ela só tem porque estar onde está.
A merenda!
É uma das coisas que me faz pensar que o Ensino Médio em escola pública nem é tão ruim assim…
Olha, não sei em outras escolas, mas nas que a Gigi já estudou, ela sempre amou a merenda.
Tanto na anterior, como na atual.
Quando ela estudava a tarde, via uma certa resistência dela em almoçar em casa. Ela sempre queria almoçar na escola.
Agora que estuda pela manhã, ela sempre demora para sair da escola, até que esses dias questionei-a a respeito.
Ela me respondeu com esta foto:
Claro que toda mãe que estiver lendo este post vai se incomodar com o mesmo que eu:
– OS PRATOS ESTÃO NO CHÃO!!!
Bom, foi o que questionei imediatamente, junto com o fato de haverem dois pratos, claro:
Bom, respirei fundo e me lembrei de todas as vezes que também já comi no chão, mesmo depois de adulta.
Em vários eventos, em acampamentos, até em festa de família onde a mesa estava cheia de gente e eu só queria comer quietinha.
Enfim…
O Ensino Médio em escola pública é difícil, é complicado, é desvantajoso na hora do vestibular, eu sei.
Mas ainda assim, tem lá seus bons momentos e suas vantagens e, acima de tudo, deixará boas memórias, sabemos.
Aliás, até falei de alguns dos meus grilos agora que a minha filha está no Ensino Médio, antes.
♥
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