A atriz Klara Castanho, de 21 anos, foi vítima recente de uma exploração brutal de sua vida privada que expôs a total falta de ética desde profissionais de saúde até jornalistas e políticos.
O caso da atriz Klara Castanho, que teve a sua vida privada destroçada por abutres em busca de fama e dinheiro, expôs uma cadeia de profissionais antiéticos.
Klara Castanho | O direito à privacidade
Klara Castanho vinha tocando sua vida como dava, a fim de guardar para si tudo o que ela vinha passando nos últimos tempos.
Primeiro, porque eram situações muito delicadas e íntimas, segundo porque é um direito de todo e qualquer cidadão, ter uma vida privada resguardada.
Apesar de muitas pessoas acharem que pessoas públicas não tem direito à vida privada, isso é um enorme equívoco.
Toda e qualquer pessoa tem direito à privacidade. E esse é um direito legítimo.
Mesmo algumas pessoas públicas escolhendo expor detalhes de suas vidas, elas podem optar por manter alguns ou mesmo todos os fatos privativos.
E a escolha é baseada nos critérios delas, apenas.
Com Klara Castanho não seria diferente. Ela deveria poder escolher o que expor ou não, mas ela teve esse direito violado de forma brutal e isso não vai poder, jamais, ser apagado.
As consequências futuras disso podem ser ainda desastrosas, porque a história dela envolve mais pessoas, que podem também ter sido lesadas nessa violação.
O que aconteceu com Klara Castanho?
Klara Castanho, uma atriz da Rede Globo de Televisão, viveu um drama que deveria ter ficado no ambiente particular: ela foi vítima de abuso e engravidou.
Só de ser vítima de abuso, a situação já seria difícil de lidar, mas ao culminar numa gravidez indesejada, tudo se tornou ainda mais complicado.
Mesmo assim, Klara passou por tudo isso em silêncio, sem expor sequer uma pista, fazendo posts majoritariamente do seu trabalho, a fim de não criar qualquer curiosidade da população para algo que ela pretendia manter privado.
Após avaliar muito, Klara decidiu entregar o bebê em adoção, o que é um direito de toda mulher que não deseja criar o bebê e é um direito de todo bebê concebido sem que seja um desejo dessa mulher.
Em meio a tudo isso, Klara sofreu várias microagressões durante o processo, começando pelo médico, que a fez ouvir o coração do bebê, tentando dissoadi-la de sua decisão.
Não bastasse isso, durante o trabalho de parto, Klara sofreu uma ameaça de uma profissional de saúde de dentro do hospital, de que sua história poderia vir a ser ventilada para jornalistas de fofoca, o que a deixou ainda mais tensa, em uma situação que já era cercada de caos.
Foi aí que o ato mais desumado aconteceu e gerou uma reação em cadeia:
– Alguém, de dentro do hospital, contou para alguém que contou para um jornalista, que contou para outros vários jornalistas
– Desses vários, algum deles ventilou a história publicamente, mas retirou em seguida, a pedido da própria atriz
– Uma candidata a deputada aproveitou-se da história para criar uma versão extremamente cruel e maldosa, onde colocava Klara em situação de algoz, comparando a entrega em adoção ao abandono de incapaz
– Em meio a tudo isso, Klara se manifestou através de uma carta aberta, onde relatou o ocorrido de forma emocionada, ganhando apoio da opinião pública
As possíveis consequências da exposição de Klara Castanho
Se para muitas pessoas, essa história era só mais uma fofoca de celebridades, para Klara, para os seus familiares, para o bebê e para os seus pais adotivos, essa é uma história de violação e violência.
Para Klara Castanho
Ao ser exposta da forma cruel que foi, Klara pode ter passado a se questionar em sua escolha, já que agora ela é julgada e apontada.
Imagine a cabeça dela, pensando que deveria ter feito diferente e se sentindo culpada, mesmo sabendo que não tem culpa?
Se já seria uma barra para ela lidar com isso para o resto da vida, mesmo que em segredo, imagine agora que tudo veio à tona?
E agora, Klara Castanho será estigmatizada para sempre, mesmo que ela seja a melhor atriz, a melhor mulher, a melhor mãe, a melhor seja lá o que for, porque a sociedade nunca vai deixa-la em paz.
Para os pais que adotaram o bebê de Klara Castanho
Para o processo de adoção, provavelmente os pais não sabiam quem era a genitora do bebê que adotaram.
Pelo menos até a exposição dos dados do bebê, não.
Após a exposição, eles passaram a saber e isso pode ferir totalmente a situação deles.
À começar que vão saber a forma como esse bebê foi concebido, o que pode mudar a forma como interagem com ele dali por diante, mesmo que sem eles quererem.
Isso pode ser um estigma difícil de quebrar, ao menos na mente deles.
Sem falar no medo constante de alguém chegar até eles, já que foram ventiladas informações, e isso criar ainda mais questões e problemas.
Para o bebê de Klara Castanho
Agora pense no bebê?
Saber que foir concebido através de um abuso pode ser devastador para este bebê, assim que ele puder ter noção e entendimento.
Sem falar que ao saber que a mãe dele era quem é, pode ser que ele leia a situação de uma forma equivocada, tla qual foi exposta pela tal candidata a deputada, como se Klara Castanho o tivesse abandonando, o que não é verdade.
Mas e sobre a entrega em adoção?
A entrega em adoção é um direito, tanto da genitora quanto do bebê, porque garante o direito à dignidade de ambos.
Ao contrário do que foi ventilado e insinuado, a mulher que dá o bebê em adoção, demonstra clara empatia e senso de responsabilidade, já que assume que não tem condições de cria-lo, mas dá a ele o direito de ser criado com amor por alguém que o adotar, ampliando consideravelmente suas chances de uma vida digna e de sucesso.
A maternidade compulsória
A demonização da entrega em adoção é só mais um dos inúmeros efeitos colaterais da maternidade compulsória.
Em nossa sociedade atual, ainda é pungente a ideia de que a mulher só existe para gerar e criar os filhos dos homens, tanto os que eles desejam, quanto os que eles rejeitam.
A sociedade não enxerga a mulher como indivíduo, dono de suas próprias escolhas, com direito a decidir como lidar com as situações que lhe acometem.
Só existe a demonização de casos como o da Klara Castanho, porque a sociedade nos coloca na condição de meros peões das vontades masculinas.
Quando homens rejeitam os próprios filhos após se separarem das mães deles, a sociedade os acolhe e os apoia, dando as costas para as mães e crianças, que na verdade não deveriam ser abandonadas pelo pai, mesmo após a separação.
No entanto, quando uma mulher se assume incapaz de criar um filho, dando a ele a oportunidade de sê-lo por uma família que o acolha, ao invés de ser aclamada por não ter abandonado o bebê, ela é demonizada.
Não vamos usar fotos da Klara Castanho em nenhum dos nossos posts sobre este assunto
Escolhemos não usar a imagem da atriz Klara Castanho em nenhum dos nossos posts, nem do blog nem das redes sociais, porque entendemos que para ela é muito difícil ter seu rosto eternamente relacionado a uma história tão pesada.
Assim, escolhi preservá-la, ao menos de sua imagem, mesmo sabendo que sou apenas uma gota no oceano de exposições e relações não-desejadas.
Caso você queira, segue meu post sobre Klara Castanho no meu Instagram.
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