O aleitamento materno é mais do que o ato de alimentar.
É a aliança de mãe e filho, é um elixir de força e vitalidade para o bebê, especialmente os que ainda lutam pela própria sobrevivência.
Em 2014, trabalhei na Santa Casa de Suzano e lá pude conhecer o lado de dentro de uma instituição de saúde. Aprendi muitas coisas e, dentre elas, a incrível diferença que faz o aleitamento materno na UTI Neonatal.
“Todo bebê tem direito ao melhor alimento que é o leite materno.” Assim começa a explicação da Dra. Iemanjá de Melo Almeida, Neonatologista responsável pela UTI Neonatal da Santa Casa de Suzano.
Na ocasião, entrevistei a então Neonatologista responsável pela UTI Neonatal da Santa Casa de Suzano, Dra. Iemanjá de Melo Almeida. Era nítida a paixão com que ela fazia o trabalho dela e como ela vibrava ao ver cada mamãe que se engajava com ela em salvar seu bebê e, claro, a cada bebezinho de lá reagindo.
Mas para que o bebê se alimente, é importante ter a mamãe e o bebê juntos e isso nem sempre é possível, como em casos de crianças prematuras que precisam de UTI . Com isso, o aleitamento é feito através de sonda, de preferência com o leite colhido da própria mamãe, mas para as que não tem leite o que tem algum impeditivo, o leite materno é fornecido através do banco de leite.
Antigamente
Antigamente, a criança prematura ficava privada do aleitamento materno durante sua internação, especialmente na UTI Neonatal. A mãe ia para casa e só vinha ver o filho durante a visita, mesmo assim sem o toque, a conexão entre eles. Com isso, o leite de muitas mamães empedravam e secavam e mesmo depois que o bebê ia para casa, ela não podia mais amamentá-lo, o que tornava esse bebê menos imune, já que se sabe dos poderes imunológicos do leite materno.
Hoje em dia
“O aleitamento é mais que especial, é essencial.”, diz a Dra. Iemanjá, que fala com carinho, do seu trabalho“.
Hoje em dia, a mamãe é parte importante no tratamento do bebê, mas para que isso fosse efetivo, tiveram que ser promovidas muitas mudanças de rotinas e normas nas rotinas hospitalares.
Em muitos hospitais, a mamãe passou a ter trânsito livre, podendo trabalhar, dormir em casa, estar com outros filhos e, ainda assim, acompanhar de perto o desenvolvimento do bebê internado, amamentar e receber todo suporte, como café da manhã, almoço, jantar e visitar a qualquer hora e pelo tempo que ela sinta que pode permanecer. Ela passou a fazer parte do cenário de recuperação do bebê de forma ativa.
Então quando o bebê nasce grave, prematuro, já vai direto para a UTI neonatal receber os cuidados médicos que garantam sua sobrevivência e, ao mesmo tempo, a mamãe recebe acolhimento de uma equipe multidisciplinar com apoio psicológico, assistência social e também o apoio da equipe especializada em cuidar para que ela continue produzindo leite, mesmo que seu bebê não possa mamar no peito ainda.
Coleta e banco de leite
A mãezinha é apoiada e orientada com as técnicas de massagem e ordenha e ela mesma doa leite para seu filho, mesmo que o aleitamento seja introduzido via sonda para o bebê, assim quando ele sair do hospital, ela ainda estará produzindo leite e poderá manter o aleitamento, agora no peito, estreitando vínculo e assegurando os benefícios do próprio aleitamento.
O leite excedente, em caso o bebê esteja internado, será reservado, pasteurizado e guardado por até seis meses em congelador, para que o bebê seja amamentado com leite materno, mesmo que esta mãezinha trabalhe.
Na UTI neonatal da Santa Casa de Suzano todos os bebês recebem aleitamento materno. E a grande maioria deles saem mamando no peito.
Em caso de mamães que possuam excedente mesmo depois de amamentar seu(s) filho(s), elas podem doar. Após exames prévios desta mamãe que comprovem que o leite dela não possua riscos de doença, etc, ela será classificada como doadora. O posto de coleta retira o leite na própria casa e dá o kit para que ela faça a coleta de forma adequada, mantendo o leite em condições de ser pasteurizado, sem contaminação.
O leite, então, é colhido pela mãe de acordo com as condições ensinadas e em seguida ela o reserva através do kit, põe data e congela. O posto de coleta retira, leva-o até o banco de leite, onde ele será testado, pasteurizado e poderá ser armazenado por até seis meses. Este leite, então, é doado para bebês que a mamãe não produz leite ou que não possam amamentar porque possuem doenças contagiosas.
O leite materno tem a exata composição para garantir a boa digestão, como também o estímulo à produção hormonal e de anticorpos, sendo o alimento mais perfeito para bebês até seis meses.