A história de como e quando fiquei viúva
Hoje vou contar como e quando fiquei viúva.
Mas, prepare-se, é uma história trágica e revoltante!
Bem, eu fiquei viúva em 2009, quando tinha 29 anos e a Gigi tinha 5 anos.
Luciano, meu falecido esposo e pai da Gigi, era empresário da área de Outsourcing de Impressão e eu havia acabado de largar o emprego de vendedora de carros para trabalhar com ele na empresa.
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Nossa mudança de cidade
Um ano e meio antes, nos mudamos de São Paulo para Suzano, após uma tentativa de roubo do nosso carro.
Queríamos fugir do estresse e da criminalidade de São Paulo.
Alugamos uma casa enorme, no mesmo bairro que o meu pai e a uma rua de onde seria o nosso escritório.
Tudo perfeito!
Era um dia bem comum
Era uma quarta-feira bem comum, mas com um ar diferenciado.
Naquela manhã, Luciano acordou especialmente inspirado, sorridente e falante.
Deixou-me no escritório e seguiu rumo aos clientes.
Como de costume, passamos o dia todo nos falando por telefone, mensagens, etc.
Por volta das 16h00 ele deu uma sumida e eu cheguei a sentir um calafrio ao pensar coisas ruins, mas passou assim que o meu celular tocou novamente.
Ele estava bem e já estava a caminho.
Ao chegar, sorridente e feliz, me entregou dois contratos e pediu que eu guardasse na hora, para não ter perigo de perder. Entrei e guardei.
A tragédia
Quando entrei, deixei a porta-balcão entreaberta e ao me agachar para sair, avistei a terrível cena:
Um rapaz apontando uma arma para a cabeça do Luciano.
Quando me levantei, o rapaz virou a arma para mim, já armando-a para atirar.
Gelei, mas ao mesmo tempo, ouvi Luciano gritando “Você não vai fazer nada com ela” ou algo do gênero, já segurando o rapaz e puxando-o pelo braço.
Entrei em choque e tudo parecia acontecer em câmera lenta e de forma confusa.
Era como se o som e as imagens estivessem desincronizados, como se não fosse real.
Tiros
Ouvi tiros. Em minha cabeça, foram quatro, mas até hoje não tenho certeza.
Vi sangue enquanto os dois estavam atados em luta corporal e, confesso, torci para ser do rapaz.
Mas não era. E assim que se desvencilharam, Luciano cambaleou e caiu.
Neste meio tempo, que foi em questão de segundos, meu reflexo foi tentar pegar uma pedra enorme para tacar no rapaz, mas eu caí antes de conseguir dar um passo.
Foi quando o rapaz, já fugindo, passou por mim e me apontou a arma.
Eu vi o tempo parar. Mas ao apertar o gatilho, a arma não funcionou e ele saiu correndo.
O pior momento da vida
Me levantei e corri até o Luciano, já caído ao chão.
Segurei sua mão, ele apertou a minha firmemente e eu disse: “Amor, eu to aqui. Vai ficar tudo bem”.
Ele me olhou e soltou minha mão e foi quando eu senti o sangue dele, quente e grosso encostando em mim.
Eu o vi indo embora. Seus olhos perdendo a vida, sua respiração ficando mecânica, suas narinas arroxeando.
Jamais me esquecerei deste momento.
Meu amor morreu ali, no asfalto, ao me salvar.
Luciano, meu herói
Luciano morreu aos 29 anos, cheio de sonhos.
Era um marido dedicado, um pai incrível, trabalhador, super família.
Por onde passou, deixou fortes lembranças e muitas saudades.
Meu amor por ele sempre será vivo, por mais que eu possa amar novamente.
E eu lhe serei eternamente grata por cada segundo que ele dividiu comigo até o seu último momento.
Hoje, sou casada novamente com um cara que, ainda bem, honra a memória do Luciano e zela pela família que ele morreu para proteger.
Em 2021, contei essa história para uma jornalista na Universa UOL.
Se você quiser conferir, segue o link: ‘Durante um assalto, perdi meu marido: ele levou um tiro para me salvar’