Nara Almeida: uma jovem de 24 anos que, durante meses, contou o seu dia a dia na luta contra um câncer de estômago, faleceu há 3 dias.
A jovem Nara Almeida comoveu a todos por sua árdua e sofrida, mas esperançosa e forte luta, após descobrir um câncer de estômago.
Ela compartilhava o seu dia a dia e, mesmo em meio a tanta coisa, ainda exalava esperança, força de vontade e fé.
Contextualizando: quem é Nara Almeida?
Nara Almeida, digital influencer, modelo, 24 anos.
Uma jovem comum, mas que se destacava das demais por suas postagens cheias de estilo e bom humor.
Como neste universo, somos conhecidos por nossas arrobas, vamos deixar aqui a da Nara > @AlmeidaNara
Mas nem de longe, Nara era apenas uma @. Nem de longe, Nara era apenas um perfil de instagram.
Nara era uma pessoa, sobretudo humana, com suas falhas e suas vitórias.
E foi em seu pior momento que ela demonstrou o seu melhor.
O câncer de estômago
Nara relatou que já tinha histórico de úlcera e que, por conta disso, já convivia com as dores e mal-estar estomacais.
Assim, talvez por conta disso, ela tenha demorado um tanto mais a se dar conta do pior.
Contudo, houve um momento em que ela não teve mais como ignorar os sinais que o corpo deu.
Eram dores absurdas, nada mais parava no estômago, nem mesmo água de côco e, para findar os sinais, ao se ver no espelho, percebera que emagreceu abruptamente de forma absurda.
Foi aí que ela procurou o médico com insistência, até que foram feitos exames e ela teve o diagnóstico: é câncer.
Nara prometeu lutar com todas as forças e cumpriu a promessa com rigor.
Convivendo com a doença, com os julgamentos e consigo mesma
Nara nunca desistiu.
Mesmo em seus piores dias, ela voltava com um ar de fé e esperança. Combativa. Lúcida.
Quando fraca, ainda era forte como só.
Conviveu com os piores momentos da doença, onde sofreu dores, alergias, desenganos e voltas.
Mas também se permitiu viver. Se permitia sair com amigos, passear, namorar.
Infelizmente, uma boa parcela das pessoas achava que ela deveria se manter prostrada, acamada, fazendo o papel da doente que sofre.
Mas ela não era assim. Ela não foi assim. Ela era ela.
E ainda bem, porque ela se foi, mas antes pode viver, mesmo carregando tamanho fardo nas costas.
Se dependesse dessas pessoas, ela teria ido sem ter aproveitado nada além do leito do hospital.
Ainda bem para ela e ainda bem para nós, que Nara foi quem e como foi.
O peso de ser um exemplo
Em vida, era complicado cobrar de Nara que ela fosse qualquer coisa, ainda mais algum exemplo.
Ela estava vivendo aquela realidade e não apenas sendo uma personagem de um reality show.
Era a vida dela, os momentos e dores dela. Os últimos momentos.
Então ela só tinha o dever de ser quem ela quisesse ser e pronto. O resto do mundo que se conformasse.
E ainda bem que ela foi exatamente assim e viveu!
Assim, agora que ela partiu, tornou-se inspiração para nós. Um exemplo de como dá para viver a esperança e fé sem ser afetada das ideias.
Ela queria viver!
Sim. Nara deixava claro que não queria nada além da cura.
Ela não queria viver daquele jeito, ela não queria morrer. Ela queria ser curada e voltar a viver como vivia antes.
E ela buscava a cura, mesmo quando diziam que não haveria mais jeito.
Encontrou apoio para buscar novas alternativas e reascendeu esperanças reais.
Mas ela também sabia que a cura era uma mínima chance e que a morte dela era uma possibilidade real e iminente.
E ela lidava com serenidade. Ela não se revoltou, não se colocou como vítima.
Ela encarou a realidade da morte de frente e se pôs a buscar a cura, a chance de vida.
Quando ela voltava de uma de suas situações graves, ela voltava falando em viver, em esperança, em querer curar.
Mas diferente de quem geralmente passa por isto, ela ainda era serena mesmo com possibilidade de morte, porque ela se agarrou à esperança.
A cura que não veio
Parece – e é! – revoltante. Uma moça tão linda, tão nova, tão boa, sofrendo tanto e acabar sucumbindo.
Dói, porque é injusto, é errado, é antinatural, é ruim, é indigerível.
Mas, ao mesmo tempo, a gente tem que pensar que ela estava cada vez pior. E era cada vez mais sobrevida e sofrimento.
E cada vez mais, menos chance de cura e de vida sem dor.
Cada dia a mais, daqui por diante, era um dia a mais para sofrer, apenas. E mais nada.
E é a partir deste momento que eu considero a morte uma dádiva, um presente.
Quando a gente realmente quer apenas para de sofrer e a única chance de cura, é a morte.
Não há mais o que ser feito, não há mais o que tentar. Não há mais nada que alivie, atenue.
Não há mais chance de cura.
Então só nos resta descansar. E Nara descansou.
Ela não queria morrer, mas certamente também não queria sofrer e nem perpetuar mais o sofrimento daqueles que tanto estiveram ao seu lado.
A cura que veio
Nara aproveitou seus momentos em vida para desfazer todos os embaraços que teve na vida.
Fez as pazes com a mãe, com irmãs, com amigos. Se refez.
Saiu, curtiu, chorou, sofreu. Mas nunca deixou de acreditar.
Para muitos, a única cura que importa é a física e eu, confesso, estou dentro destes muitos.
Mas a verdade é que por mais que a gente almeje esta cura, a dor se torna menos ruim quando a gente se permite curar por dentro. Na alma.
E ela se permitiu. E através dela, muitas outras pessoas reviram a si e a quem os cerca.
Ela promoveu a cura para muitos.
Ela recebeu a cura. Talvez não como ela ou como nós queríamos, mas de toda forma, recebeu.
Nara Almeida, um legado
O perfil de Nara é um daqueles que a gente começa a ver e não para mais.
Nara deveria virar livro, filme, série da Netflix.
Toda jovem deveria conhecer a história de Nara.
Toda mãe deveria conhecer a história de Nara.
Todo namorado deveria conhecer a história de Pedro com Nara.
Porque esta história não deixa ninguém que tenha um único pingo de humanidade igual, depois que a conhece.
E Nara é isso: uma luz, uma inspiração, um legado.
E que Nara seja eterna em nossas memórias para que nunca nos esquecemos do valor da vida, das pessoas e também do valor da morte e da serenidade.
Mas e o Pedro?
Fiel escudeiro, sempre presente, mas jamais como protagonista. Nem mesmo no próprio papel que protagonizava.
Pedro estava lá porque queria estar com ela, porque era soldado na luta.
Fez-se presente. Fez-se dedicado.
E ao fim de tudo, ainda haverão aquelas pessoas más julgando-o.
Mas ele é mais que tudo isto e merece ser feliz.
E sobre viuvez, inclusive, já escrevi no meu outro blog: Viuvez: a dor da perda recheada de egoísmo alheio
Descanse em paz, Nara.
A minha relação com a morte é mais íntima do que eu gostaria. Quem quiser ler sobre como foi que perdi o meu marido em um assalto quando ele morreu para me salvar, lê aqui.