Pais & filhos: as expectativas de ambos são frustrantes para ambos.
Aquele velho dilema entre pais & filhos:
- expectativas x realidade = frustração. Para ambos.
Se você ainda não tem filhos ou tem filhos com menos de 10 anos, vou te dar um spoiler:
– seu filho muito provavelmente não será nada do que você acha que ele será, baseado na infância dele.
Não que eles mudem radicalmente e esqueçam tudo o que ensinamos.
Nem que virem monstros horrendos, não é isso. Calma!
Mas filhos não são perfeitos e isto fica bem mais evidente à medida em crescem.
Quando bebês (ou primeira infância) [Nascimento até 3 anos]
Quando bebês, a gente já vê alguns traços de personalidade.
Alguns mais manhosos, outros mais bravos, outros mais dóceis.
Alguns deixam os pais dormirem a noite toda, outros não. Alguns vivem com fome, outros não comem nada.
A partir daí, começamos a criar expectativas:
“Se já é assim agora, imagine na adolescência?”
Eis que poderemos nos surpreender. E muito!
Na segunda infância [3 a 6 anos]
Nesta fase, eles ainda tem lá algumas “bebezices”.
Assim, podemos ver os tais traços de personalidade que apontaram quando bebê tomando forma.
Fica até melhor, porque agora eles são capazes de se comunicar de forma mais eficiente.
Com isto, temos condições de entender melhor o universo, as necessidades e esta tal “personalidade”.
E, a partir daí, criamos ainda mais expectativas de quem será aquele filho na adolescência.
Na terceira infância [6 a 12 anos]
Esta é onde o bicho começa a pegar!
Até os 8 anos, minha filha era exatamente a Gigizinha de sempre:
- doce, meiga, calma, compreensiva, atenciosa, leve, serena
Quando ela fez 9 anos, cataploft, uma mágica aconteceu.
Mas foi bem quando fez 9 anos mesmo.
Ela começou a ficar ranzinzinha, rabugenta, reclamona e a fazer o que eu chamo de “cara de emburro”.
Aquela cara com nariz torcido e olho virado que toda mãe de crianças dos 9 pra cima conhece.
E as “bufadas” toda vez que era contrariada?
E eu, inocente, achava que “Minha filha? Ela nunca vai fazer isso, porque ela é um amor”.
A Adolescência [12 a 20 anos]
Ah, a famosa adolescência…
Eu JU-RA-VA que as pessoas que exageravam ou que não sabiam lidar com suas crias.
Na minha cabeça, os adolescentes nem eram tão difíceis assim.
Eram os pais que tinham dificuldade de entender e acabavam complicando tudo.
Em partes, é verdade! E eu me incluo nestes pais aí.
Tem dia que simplesmente: NÃO DÁ!
A gente surta e tem vontade de ir embora.
É tanta cara feia, reclamação, bufada, virada de olho, pé batendo que só quem tem adolescente em casa sabe…
E olha que a Gi é um amor! Sério, perto dos relatos de tantos pais, a Gi é um anjo.
Ela NUNCA gritou, nem ao menos se alterou uma única vez até hoje.
Por mais brava que esteja, ela se mantem sóbria, apesar da cara feia, da bufada, da virada de olho.
E isto já é uma grande vitória, convenhamos.
Mas mesmo assim: adolescente é, sim, um pé no saco!
Eles são tão chatos e o pior é que entendem exatamente o que dizemos, mas não compreendem.
Ah, os adultos…
Quando meu irmão caçula era adolescente, era a mesma coisa que a Gi.
Talvez, um pouco pior.
E hoje ele é um dos melhores adultos que conheço.
Minha prima mais nova, idem.
E isto me conforta MUITO.
Me conforta saber que esta criatura que tomou o corpo da minha filhota, logo vai embora e a devolve, doce e querida.
Ah, os pais…
Putz… Não posso deixar de falar de nós, os pais, né?
Sempre certos, perfeitos, corretos, superiPÉEEEN!
A gente cobra dos filhos adolescentes as atitudes e escolhas adultas que muitas vezes nem nós temos.
Na verdade, se fizermos um exame de consciência, muitas vezes os adolescentes da história somos nós.
E isto pode nos servir para entender melhor porque nossos filhotes vivem nesta crise de identidade, porque ela NUNCA passa completamente.
No mais?
Aff… Não vejo a hora da Gi entrar na faculdade e ter problemas adultos, assim não terá mais tempo para me torrar com suas chatices.
♥ Segue o baile.
Bibliografia:
Fases do desenvolvimento: Psiquiatria Geral